Nesta semana, profissionais de turismo do Brasil e de diversas partes do mundo participam da 10ª WTM latin America, a maior feira do segmento da América Latina. Minas Gerais participa do evento com um estande conceitual, inovador, criado por dois renomados profissionais do mercado, o arquiteto Gustavo Penna e o designer Gustavo Greco. Nesta segunda-feira (3/4), o governador Romeu Zema esteve pessoalmente na feira para anunciar parceria para promover o turismo de Minas. Nesta entrevista ao portal O Tempo, o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, fala dessas ações e do momento promissor em que vive o turismo de Minas, hoje o segundo Estado mais procurado pelos viajantes segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Turismo.
Minas Gerais tem marcado presença em diversas feiras de turismo desde o ano passado – IMEX, BTL, Fitur, Anato. Como o sr. avalia a participação na feira WTM Latin America?
As feiras são oportunidades para não somente o governo de Minas, mas também para toda a cadeia produtiva do turismo para comercializar os diversos destinos em Minas em todos os segmentos, seja ecoturismo, turismo de aventura, turismo cultural, cozinha mineira. A WTM é a maior feira que temos nacionalmente: estarão presentes países da Europa, do Oriente Médio e das Américas. A promoção e o marketing fizeram com que Minas crescesse mais do que o dobro do PIB nacional.
Por que o governo estadual investiu em um estande mais arrojado este ano da WTM? O governador Romeu Zema inclusive foi nesta segunda-feira (3/4) à feira anunciar algumas ações. Isso significa que o turismo já virou uma política de Estado para o governo?
Com toda e absoluta certeza. O turismo é uma política de Estado e o governador Romeu Zema tem comparecido nos eventos e reforçado o apoio ao desenvolvimento dos projetos, porque acredita no turismo como uma potência na geração de emprego e renda. A meta do governador é emprego e renda e os números do turismo estão aí. A participação de Minas neste ano na WTM com um estande de 200 m², com um projeto de Gustavo Penna e Gustavo Greco, dois grandes profissionais mineiros, propõe mostrar toda potência do Estado. Quando pensamos nesse estande arrojado é para mostrar as várias Minas, que tem os três biomas do Brasil, milhares de cachoeiras, mais de 800 municípios e distritos – o maior número de cidades no Mapa do Turismo Brasileiro – e uma diversidade imensa de atrativos e sobretudo a mineiridade. A WTM é uma vitrine de Minas Gerais para a América Latina e uma resposta estratégica do governo.
Uma dessas ações é um protocolo de intenções assinado com a operadora CVC para colocar os destinos de Minas nas prateleiras das operadoras e agências de viagens. Como isso vai funcionar na prática?
A CVC Corp é importantíssima, porque é responsável por 60% do mercado latino-americano, portanto estar com a CVC conosco é colocar os produtos de Minas nas operadoras e agências de viagens de todo o país. Não somente nas mais de 1.000 lojas que a CVC tem, mas também virtualmente. Sistematicamente, todos destinos turísticos de Minas serão visitados pela CVC e preparados para serem comercializados.
Minas Gerais já é o segundo Estado em crescimento de atividades turísticas. Nesse período, várias ações foram implementadas, como novas conexões, políticas públicas e marketing turístico. Quais os próximos passos para tornar o Estado ainda mais procurado por viajantes domésticos?
Precisamos reforçar o calendário de eventos: temos uma quantidade imensa de festivais de gastronomia e festas populares pelo interior de Minas. Na capital, temos um número expressivo de eventos, inclusive Belo Horizonte vende mais ingressos que São Paulo, segundo a plataforma Sympla. Organizar esse calendário de eventos do Estado e fazer marketing para fora de Minas, sobretudo nos mercados dos Estados Unidos, Europa e América Latina, é fundamental nessa estratégia que vamos implementar nos próximos anos. Para a estruturação dos destinos, já disponibilizamos R$ 400 milhões.
Recentemente, a Secult finalizou mais um Encontro de Gestores com recorde de participação. O sr. é muito popular entre os gestores de cultura e turismo do Estado. Havia até filas para tirarem fotos com o sr. durante os três dias. Que resultados práticos um evento como esse pode trazer a curto e médio prazos?
O Encontro de Gestores é muito importante, porque ele traz resultados sobretudo no que se refere a um pensamento conjunto e focado na geração de emprego e renda. Pensamos a cultura e o turismo como desenvolvimento e renda, fizemos a transversalidade em todos os municípios, inclusive para otimizar os recursos que virão este ano para a cultura, como os da Lei Paulo Gustavo. No entanto, o encontro vai além, porque nós aprendemos todos juntos, formamos e estabelecemos metas onde queremos chegar, e essas metas têm sido atingidas com louvor pelos gestores, pelos municípios e pelo governo de Minas.
No ano que vem, a Abav Expo vai ser na cidade do Rio. Minas não tem tido o tratamento merecido pela entidade. Posso dizer que a Minas Travel Next é uma forma de criar nossa própria feira? Faltava um evento como esse no Estado?
A Minas Next Travel é uma forma de criar a nossa própria feira, que tem essa primeira edição em julho e deve acontecer todos os anos. Tentamos trazer a feira da Abav para Minas por três anos e não conseguimos, mas nem por isso deixaremos de estar presentes na Abav Rio. No entanto, nós optamos por criar nossa feira de turismo e contamos com a participação dos operadores, de todo o trade nacional, da imprensa especializada, e as agências de viagens são convidadas de primeira ordem. A Minas Next Travel tem uma pegada de venda, mas também de reflexão e formação tecnológica, de inovação, visando o incremento do turismo brasileiro em novos mecanismos do turismo mundial.
Nesta segunda-feira (3/4) foi anunciada pelo governador uma parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). Pode adiantar alguma coisa?
O ecoturismo e o turismo de aventura também é uma meta do governo de Minas, juntamente com o Sebrae. Lançamos ontem a Minas Next Travel e o Congresso da Abeta. Outras novidades são o Congresso Nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em novembro em BH, com expectativa de 22 mil advogados, e o Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), com mais de mil pessoas nos dia 1 e 2 de junho, um encontro dos Estados do Sul e Sudeste no Circuito Liberdade. Temos uma política forte de captação de eventos. Ações como o Natal da Mineiridade, o Réveillon da Liberdade, o Carnaval da Liberdade e o Minas Santa já se consolidaram como eventos de porte.
O sr. tem em mente alguma ação para dar visibilidade às festas juninas?
O Natal da Mineiridade e todo esse arcabouço de eventos torna Minas um forte destino de eventos. Nós temos o Natal da Mineiridade que veio para ficar, assim como o Réveillon e o Carnaval. Queremos ainda este ano promover as festas juninas, as férias de julho, as festas populares do Congado de agosto a outubro. O calendário de eventos é uma forma dos municípios se organizarem através de suas festas, mesmo que sejam comuns a todos eles, como a Semana Santa, e colocar na prateleira das operadoras.
Trazer voos internacionais para o terminal em Confins é uma forma de internacionalizar Minas. BH tinha dois voos internacionais no início de sua gestão e terá cinco a partir de junho. Além desses, existem conversas do Estado, por meio da agência Invest Minas, para trazer novos voos para o Estado?
Os voos internacionais são de fundamental importância e esse incremento vai continuar, nós temos previsão de novos voos internacionais neste e no próximo ano. Claro que o crescimento de turismo em Minas, do PIB e do volume de negócios são fatores que ajudaram na atração desses voos, não somente internacionais mas domésticos – Belo Horizonte como hub da Azul é uma conquista histórica Temos também conexões para o interior de Minas para que os destinos possam receber de forma adequada os turistas. O trabalho da Invest Minas continua firmemente na atração de voos, de investimentos na rede hoteleira, em todas as áreas do turismo.
Depois do Ano da Mineiridade em 2022, este é o Ano da Criatividade. Como a economia criativa pode gerar renda e emprego a partir dos municípios?
A economia criativa e a economia da criatividade, na forma mais ampla, é fundamental para os municípios, porque Minas tem a manufatura como um grande elemento cultural da mineiridade. Quando falo em manufatura, quero dizer a fabricação dos doces, do café, a riquíssima gastronomia, o artesanato, as startups, todo o arcabouço para geração de emprego e renda. Todos nós somos pessoas criativas, então o empreendedorismo é fundamental. Daí o Ano da Criatividade ser lançado durante o Encontro de Gestores junto com as universidades, os municípios e o Sebrae, que é parceiro fundamental na estruturação das mentes para criar produtos inovadores para o turismo. Vamos lembrar que 50% do nosso turismo é cultural. Portanto, o que fez o PIB mineiro crescer mais do que o dobro do país vem da cultura e do turismo. Só para a cultura, são R$ 570 milhões de fomento este ano.
Uma delegação brasileira entregou quarta-feira o dossiê do queijo ao Secretariado da Convenção do Patrimônio Imaterial, solicitando a candidatura do elemento cultural “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” à Lista Representativa do Patrimônio Imaterial da Humanidade. Qual é a expectativa do governo de Minas?
Nosso maior feito é o queijo como candidato a Patrimônio Imaterial da Humanidade. O Brasil não tem uma candidatura da cultura alimentar como patrimônio mundial. Hoje, Minas tem quatro patrimônios ida cultura. Além disso, o queijo tem um fator de marketing turístico: as pessoas vêm a Minas para degustar nosso queijo. O turismo de experiência, tanto do queijo quanto do café, da cachaça, do vinho, é muito grande. O queijo como Patrimônio da Humanidade vai ser um divisor de águas na história de Minas Gerais.
Minas é protagonista do turismo na Semana Santa. Quail é a expectativa para o feriado?
A expectativa é de um incremento de 50% no número de turistas na Semana Santa. Os hotéis e pousadas nas cidades históricas estavam com perspectiva de 90% de lotação. Temos que lembrar que a Semana Santa é comum nos 853 municípios: temos o barroco, as igrejas mais bonitas do mundo. Fazer da Semana Santa, do turismo da fé, um grande atrativo é outra meta do governo.