Segundo Teciomar Abila, a transformação digital remodelou o setor financeiro global de maneira irreversível. A ascensão das fintechs, com suas plataformas ágeis, custos reduzidos e foco na experiência do usuário, desafiou o domínio estabelecido dos grandes bancos tradicionais. Essa concorrência intensa forçou as instituições centenárias a reagir de forma estratégica e inovadora.
Em um mercado onde a conveniência digital se tornou a principal moeda, a sobrevivência e a relevância dependem da capacidade de adaptação. A resposta dos bancos tradicionais à era das finanças digitais não se limita à tecnologia, mas envolve uma profunda mudança cultural e operacional.
Se você deseja entender as movimentações dos bancos tradicionais perante a ascensão das fintechs, continue lendo a seguir!
A estratégia de incorporação e parceria com Fintechs
A primeira reação dos bancos tradicionais à ameaça das fintechs foi a tática de “se unir ao inimigo”. Em vez de tentar replicar a agilidade das startups a partir de sua estrutura rígida, muitos bancos optaram por estabelecer parcerias estratégicas, ou mesmo adquirir fintechs promissoras. Essa abordagem permite que o banco integre rapidamente tecnologias de ponta, como sistemas de empréstimo automatizado, soluções de pagamento móvel ou plataformas de gestão de investimentos, sem o peso da burocracia interna.

Como ressalta Teciomar Abila, essas parcerias são uma via de mão dupla. As fintechs ganham acesso à vasta base de clientes e à solidez regulatória dos bancos tradicionais, enquanto os bancos rejuvenescem seus serviços digitais. O investimento em aceleradoras e fundos de capital de risco focados em inovação financeira também faz parte dessa estratégia, posicionando os bancos como players ativos no ecossistema das finanças digitais.
Transformação digital interna e a criação de “bancos digitais” próprios
Paralelamente à colaboração externa, os bancos tradicionais iniciaram um processo massivo de transformação digital interna. Isso envolveu a modernização de seus sistemas core, a adoção de metodologias ágeis de desenvolvimento (Agile) e a reestruturação de suas equipes de tecnologia. O objetivo principal é desburocratizar processos, tornando o lançamento de novos produtos digitais mais rápido.
Um movimento notório foi a criação de “bancos digitais” ou “marcas light” separadas, operando de forma independente da matriz. Essas submarcas buscam competir diretamente com os neobanks (bancos digitais nativos), oferecendo contas sem tarifas, interfaces simplificadas e uma experiência puramente digital, mas com a segurança e a credibilidade de um banco tradicional por trás. Segundo Teciomar Abila, essa segmentação permite que o banco atenda tanto o cliente que prefere o atendimento físico quanto o jovem digitalizado.
Reação regulamentar e o Open Banking
A ascensão das finanças digitais também impulsionou uma mudança regulatória significativa. O conceito de Open Banking (Sistema Financeiro Aberto) é a resposta do regulador para aumentar a competição e a inovação. Ao obrigar os bancos tradicionais a compartilhar, mediante consentimento do cliente, seus dados financeiros com outras instituições, o Open Banking quebrou o monopólio da informação.
Essa medida, vista inicialmente como uma ameaça pelos bancos estabelecidos, acabou por se converter em uma oportunidade. Ela os forçou a inovar em produtos e a aprimorar a segurança dos dados. De acordo com Teciomar Abila, a reação passa a ser a de liderar a implementação do Open Banking, utilizando a sua robustez e infraestrutura para oferecer soluções mais complexas, como agregadores financeiros e plataformas de gestão de múltiplas contas.
O novo papel das agências físicas na era digital
Com a migração de grande parte das transações para o digital, o papel das agências físicas dos bancos tradicionais está sendo revisto. Em vez de centros de transação, elas se transformam em centros de consultoria e relacionamento. O foco deixa de ser o saque ou o depósito e passa a ser o aconselhamento financeiro complexo, a gestão de grandes patrimônios e a oferta de produtos de investimento.A reação dos bancos tradicionais à era das finanças digitais é multifacetada. Ela abrange aquisições, parcerias, transformação interna e a redefinição do valor do atendimento físico. É um processo contínuo de evolução, no qual a adaptabilidade dita o sucesso. A experiência e a solidez desses bancos, aliadas à tecnologia das fintechs, estão moldando um ecossistema financeiro mais rico e competitivo, como elucida Teciomar Abila.
Autor : Gigle Catabriga